Cuidado... depois não fale que eu não avisei.

sábado, 31 de maio de 2014

A dor

A Dor é a irmã da inspiração, a musa ultima dos desesperados, a mãe madrasta que compadece do filho enteado dorido de mágoas e misantropia, e empresta ao moribundo de amor e calor seu ultimo toque, permitindo um suspirar de beleza e estética antes do mar de mágoas e profusão daquilo que dói, daquilo que é dor, do que não mais é amor.


E, fim.

sábado, 28 de setembro de 2013

Semiótica de Peirce

Para organizar minhas ideias, e de quebra fornece-las para os outros, ai vai uma série de apontamentos que faço em meus estudos ;)

Beijinhos


Semiótica #1 - Peirce

Participação - Ivan Mizanzuk, Marcos Beccari, Almir Mirabeau e Ricardo Cunha Lima.


>> Charles Sanders Peirce 
(Cambridge, 10 de setembro de 1839 — Milford 19 de abril de 1914)
Foi um filósofo, cientista e matemático americano. Seus trabalhos apresentam importantes contribuições à lógica, matemática, filosofia e, principalmente à semiótica. É também um dos fundadores do pragmatismo, junto com William James e John Dewey.
Em 1934, o filósofo Paul Weiss o considerou como "o maior e mais versátil filósofo dos Estados Unidos e o maior estudioso da lógica" (Dictionary of American Biography Eprint).

 >Biografia
Era filho de Benjamin Peirce, na época um dos mais importantes matemáticos de Harvard.
Charles Sanders Peirce licenciou-se em ciências e doutorou-se em química em Harvard. Ensinou filosofia nesta universidade e na Universidade Johns Hopkins. Foi o fundador do Pragmatismo e da ciência dos signos, a semiótica. Antecipou muitas das problemáticas do Círculo de Viena.

Peirce também era físico e astrônomo. Dentro das ciências culturais estudou particularmente linguística, filologia e história, com contribuições também na área da psicologia experimental. Estudou praticamente todos os tipos de ciência em sua época, sendo também conhecedor de mais de dez idiomas.
Propôs aplicar na filosofia os métodos de observação, hipóteses e experimentação a fim de aproximá-la mais das características de ciência.

Peirce concebia a Lógica dentro do campo do que ele chamava de teoria geral dos signos, ou Semiótica. Os últimos 30 anos de sua vida foram dedicados a estudos acerca da Semiótica, para Peirce um sistema de lógica. Produziu cerca de 80.000 manuscritos durante a vida, sendo que 12.000 páginas foram publicadas.
A Semiótica Peirciana pode ser considerada uma Filosofia Científica da Linguagem. A Fenomenologia é a ciência que permeia a semiótica de Peirce, e deve ser entendida nesse contexto. Para Peirce, a Fenomenologia é a descrição e análise das experiências do homem, em todos os momentos da vida. Nesse sentido, o fenômeno é tudo aquilo que é percebido pelo homem, seja real ou não.

Seus estudos levaram ao que ele chamou de Categorias do Pensamento e da Natureza, ou Categorias Universais do Signo. São elas a Primeiridade, que corresponde ao acaso, ou o fenômeno no seu estado puro que se apresenta à consciência, a Secundidade, corresponde à ação e reação, é o conflito da consciência com o fenômeno, buscando entendê-lo. Por último a Terceiridade, ou o processo, a mediação. É a interpretação e generalização dos fenômenos.
 - Um Alien
 - Falava 10 idiomas fluentemente.
 - Gostava de mulher, casou com uma cigana, e varias outras mulheres. 
 - Profundamente cético com idéias metafísicas. Não acreditavam no mundo real além do mundo físico. "O Diamante é macio mas endurece quando tocamos nele, isso esta errado? Prove. Não há como provar e é irrelevante, pois em um sentido sensorial, não tem como provar, portanto trabalhamos com aquilo que ele nos aoresenta. O mais importante para o filósofo não é a essência do diamante, mas sim compreender o significado do diamante para aqueles que o compreendem." Algo como uma Epistemologia (construção do conhecimento) pelo viés da lógica, trabalhando no sentido dos sentidos.
 - Sentia-se perseguido pelo nmero 3 e relações triádicas quando pensa na semiótica. 
 - Sua obra não esta concluída, mas esta em construção, deixou anotações.


>> Filosofia 
- Como o ato de pensar e criar conceitos sobre o mundo o mundo.
 - Breve História da Filosofia.
 - Grécia - Nomos, Logos e Praga - Nome, idéia e Coisa - análise triática grega, possível arqueologia da semiótica. Pré-Semiótica.
 - Na história da filosofia, muitas vezes modificam-se os objetos de estudo da filosofia, no século XIX percebeu-se que não era possivel atingir o pensamento do outro, ou compreender questões como o próprio existir ou não de Deus e outras entidades metafisicas, contudo eu posso analisar o discurso do outro e sua linguagem, um forma de faze-lo é a semiótica. "Não é importante dizer se Deus existe, mas sim compreender o que se quer dizer com Deus", na análise do discurso pode ser algo como, "o que você não quer dizer com isso, mas esta dizendo inconscientemente".

>> Semiótica Americana ou Pragmatista, Pragmática, Peirciana, Semiótica de Extração e por ai vai...
- Semiótica - Estudo de Signos - Signo como Tudo o que não é necessariamente algo, mas significa uma coisa. - Signo unidade de significado - exp. A palavra "pão" que não é o pão, mas significa a comida pão, que possuem o mesmo nome mas são pães distintos, surgindo uma categoria, e sub significados de pães para os vários pães existentes. / existem várias formas de Semiótica, varias linhas.
 - Semiótica é inútil. É irônico que pertença a um sistema de pragmatismo, sendo pouco pragmática. Entende-la como inútil, torna-se possível aplicar utilidade. Principalmente ao incorpora-la em seu sistema de análise pessoal para compreensão de características gerais. Aproprie-se dela como ferramenta de analise de mundo.
   - Semiótica é muito útil em estrutura de pensamento, mas um pouco difícil de ser aplicada praticamente dada a complexidade de seu sistema. 
     - Ferramenta poderosa de auxílio ao desenvolvimento intelectual. 


 - Categorias Universais Kantianas - Algo como estruturas conceituais pré-presentes no ser humano, para que quando olhemos uma matéria como um copo, este se adeque tornando-se "conformado" em nossa mente determinando de forma inteligivel que aquilo é um copo, sua função, enfim tornando-o inteligível. 

Signo - Objeto - Interpretante.

 - Três niveis de percepção Pierciano
"Estou andando Flanando pela rua (Primeiridade, só sentimento), quando vejo um reflexo de algo (Segundidade, percepção), olho para ver e percebo que é uma parede de vidro (Terceiridade, uma movimentação intelectual sobre o objeto)"
"Existe o azul, quase platônico, em uma existência plena - Primeiridade - Vejo no céu - Segundidade - um azul como o do céu - Terceiridade."

Estes "momentos" não existem de maneira isoladas, acontecem em simultãneo.
   - Primeiridade - qualidades imediata e aspectos formais, uma relação ordinal de cheiros, cor, e etc. "Como uma nota musical que nunca muda" - Peirce [?!]. Existem breves momentos da Primeiridade, esta existe de forma efêmera, pois esta além do tempo e espaço. Normalmente descrevemos a posteriori o momento mental vivido da relação com a primeiridade. Quase-signo, não foi plenamente significado.
   - Segundidade - uma reação quase que involuntária a existência do objeto, a simples existência do objeto em relação a mim, é um objectum uma objeção em alguma instância a mim. Um conflito concreto. Quase-signo, não foi plenamente significado.
   - Terceiridade - síntese intelectual sobre o objeto. Aplicação conceitual [acomodação em mim?]. Signo, plenamente existente e significado. 

- Três níveis de Charles Morris - uma visão mais pragmatista e não análoga a triática de Peirce - [uma ferramenta de tradução de signo, para classificação de espaçamentos sentimentais e não categorizados em uma sistemática mais fluida e compreensível], 
 - Sintático - Semântico - Pragmático.
  - Sintático - olhando o desenho de um cavalo, bem desenhado, faz sentido, é um cavalo, esta em resolvido sintaticamente. Possui os elementos necessários para ser reconhecido enquanto uma estrutura.
  - Semântico - reconhecer o cavalo é possvel entender o desenho como um cavalo.
   - Pragmático - contexto cultural, precisa saber o que é um cavalo, para entender o que é-: isso.

Bibliografia: 
Panorama da Semiótica de Platão a Peirce -  
Tratado Geral de Semiótica - Humberto Eco (cria um sistema próprio de semiótica e conclui que fazemos uma semióse, não semiótica, dentro deste sistema específico de Eco).
Engelhardt (cria um sistema próprio e maluco, mas que funciona, mais focado em infografia).


Semiótica #2 - Estruturalismo

>> Semiologia, Semiótica Francesa, Estruturalismo, ou Estruturalismo Francês. 

Saussure
Ferdinand de Saussure 
Genebra, 26 de novembro de 1857 — Morges, 22 de fevereiro de 1913.
Foi um linguista e filósofo suíço, cujas elaborações teóricas propiciaram o desenvolvimento da linguística enquanto ciência autônoma. Seu pensamento exerceu grande influência sobre o campo da teoria da literatura e dos estudos culturais.
Saussure entendia a linguística como um ramo da ciência mais geral dos signos, que ele propôs fosse chamada de Semiologia. Graças aos seus estudos e ao trabalho de Leonard Bloomfield, a linguística adquiriu autonomia, objeto e método próprios. Seus conceitos serviram de base para o desenvolvimento do estruturalismo no século XX.

Ferdinand de Saussure nasceu em Genebra, em 26 de novembro de 1857. Filho de um eminente naturalista, foi introduzido pelo filólogo e amigo da família Adolphe Pictet nos estudos linguísticos. Saussure estudou Física e Química, mas continuou sendo introduzido nos cursos de gramática grega e latina. Em 1874 começou a estudar sozinho o sânscrito, usando a gramática de Franz Bopp. Por fim, convenceu-se que sua carreira estava nos estudos da linguagem e ingressou na Sociedade Linguística de Paris (fundada em 1866). Estudou línguas europeias na Universidade de Leipzig, onde ingressou em outubro de 1876. Após pouco menos de dois anos, transfere-se por curto período à Universidade de Berlin. Aos vinte e um anos publicou uma dissertação sobre o sistema primitivo das vogais nas línguas indo-europeias (em francês: "Mémoire sur le système primitif des voyelles dans les langues indo-européennes" - ano 1879), a qual foi muito bem aceita. Defendeu sua tese sobre o uso do caso genitivo em sânscrito, em Berlim, e depois retornou à Paris, onde passou a ensinar Sânscrito, Gótico e Alto Alemão e depois Filologia Indo-Europeia. Retornou a Genebra, onde lecionou sânscrito e linguística histórica em geral.

Entre 1907 e 1910, Saussure ministrou três cursos sobre linguística na Universidade de Genebra. Em 1916, três anos após sua morte, dois de seus alunos, Charles Bally e Albert Sechehaye, com a colaboração de A. Ridlinger, compilaram as anotações de alunos que compareceram a estes cursos e editaram o Curso de linguística geral|Curso de Linguística Geral]], livro seminal da ciência linguística.

Paralelamente ao trabalho teórico reunido no Curso, Saussure também realizou, entre 1906 e 1909, outro estudo que é comumente chamado de Os anagramas de Saussure. Nesse trabalho, o mestre genebrino perscrutou um corpus de poemas clássicos para tentar provar a existência de um mecanismo de composição poética baseado na análise fônica das palavras; mecanismo este formado pelo anagrama e pelo hipograma. O hipograma (palavra-tema) é o nome de um deus ou de um herói diluído foneticamente no poema. O anagrama, por sua vez, é o processo que propicia a diluição do hipograma nos versos.





>>As dicotomias saussureanas

- Língua X Fala
Saussure também efetua, em sua teorização, uma separação entre língua e fala. Para ele, a língua é um sistema de valores que se opõem uns aos outros. Ela está depositada como produto social na mente de cada falante de uma comunidade e possui homogeneidade. Por isto é o objeto da linguística propriamente dita. Diferente da fala que é um ato individual e está sujeito a fatores externos, muitos desses não linguísticos e, portanto, não passíveis de análise.

- Sincronia X Diacronia
Ferdinand de Saussure enfatizou uma visão sincrônica, um estudo descritivo da linguística em contraste à visão diacrônica da linguística histórica, a qual estudava a mudança dos signos no eixo das sucessões históricas, estudo este que era a maneira pela qual o estudo de línguas era tradicionalmente realizado no século XIX. Ao propor uma visão sincrônica, Saussure procurou entender a estrutura da linguagem como um sistema em funcionamento em um dado ponto do tempo (recorte sincrônico).

- Sintagma X Paradigma
O sintagma, definido por Saussure como “a combinação de formas mínimas numa unidade lingüística superior”, surge a partir da linearidade do signo, ou seja, ele exclui a possibilidade de pronunciar dois elementos ao mesmo tempo, pois um termo só passa a ter valor a partir do momento em que ele se contrasta com outro elemento. Já o paradigma é, como o próprio autor define, um "banco de reservas" da língua, fazendo com que suas unidades se oponham, pois uma exclui a outra.

- Significante X Significado
O signo linguístico constitui-se numa combinação de significante e significado, como se fossem dois lados de uma moeda. O significante é uma "imagem acústica" (cadeia de sons) e reside no plano da forma. O significado é o conceito e reside no plano do conteúdo.

>>A teoria do valor
A teoria do valor é um dos conceitos cardeais do pensamento de Saussure. Sumariamente, esta teoria postula que os signos linguísticos estão numa relação diferencial e negativa entre si dentro do sistema de língua, pois um signo só adquire valor na medida em que não é um outro signo qualquer: um signo é aquilo que os outros signos não são.
Como exemplo disso, podemos ter a diferenciação entre cachorro e homem. A característica positiva "mamífero" não os distingue, mas a característica "quadrúpede", positiva no cachorro e negativa no homem, os distingue. Existindo outros animais com a característica "quadrúpede", outras características devem ser consideradas para definir o que o animal é. Todavia, é definitivo que não são homem por não possuírem a característica "bípede".


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

I'am Alive!


Pois é, muitas e muitas luas se passaram desde a ultima missiva neste proto-universo, mas alegrem-se pequenos, a vida não parou do lado de fora da caixa-deus que se tornou o computador (com seus chakras informacionais devidamente conectados a Web claro, se não é apenas um corpo, uma casca inerte e desinteressante), pois então, me pus a experimentar novas coisas, algumas que doem, algumas que humilham, outras que glorificam, outras que ensinam, okay, na verdade todas ensinam, algumas ensinam de forma legal, outras um pouco mais fatal. Mas enfim...

Fui a altos lugares, e a baixos estados, conversei com santos nas estradas e com demônios pelo caminho, vi ganância, em outros olhos, e os vi no espelho, tive medo - não pouco - e tive certezas, fui aquilo que não queria, e senti a esperança de ser quem eu posso, vi o mundo interno de belas estrelas, e o abismo seco de profunda avareza, é, deu para viver um pouquinho. 

Sou ainda o mesmo, mas também outro, e me sinto pronto para ser mais um. Um outro, e um eu e por que não uma negação de mim?!. 

Bom, silêncio ao lírico, para que ele venha em outra oportunidade - ainda mais embriagado - de vida com certeza, mas, confesso acanhado, que espero profundamente que o amor o acompanhe. 

Que nossas cabeças explodam, e nossas vidas ainda mais. 

segunda-feira, 2 de abril de 2012



É engraçado dizer, bom, na verdade não, é mais engraçado só pensar, quando agente verbaliza, as coisas tendem a criar uma vida diferente daquela que imaginamos que ela possuiria. Por isso planejamos, para ter um pouco mais da ilusão da certeza de que determinadas coisas podem dar certo ou não. Particularmente acho que a Ilusão da Certeza, garante mais por você crer nela do que por você ter efetivamente planejado. Mas, nada disso muda o fato de ser engraçado dizer, que...

... muitas vezes nossa fé e confiança ficam parcialmente abalados e poxa, nada mais justo, não andar com a maré tem que ser cansativo mesmo, se fosse fácil perderia a graça (ouvi algo assim hoje by new lips), e então, determinadas coisas te dão forças, coisas simples, sorrisos, novas idéias, velhas verdades, e coisas assim. Lógico que parece clichê isso, e realmente tem que ser, afinal é uma constante cultural, acreditar que algo te da forças, venham-as de onde for.

Mas a grande questão é, a profusão de idéias que estão ai, clamando como um enxame de besouros para ter sua própria existência revindicada por um balaustre de ações, sejam elas da esfera que for - mas é importante verbalizar, lembre - enquanto que cultos ocultos mascarados por vultuosos credos de fé racista-hedonista clamam para si o direito, não da verdade, mas do molde mestre, do direito a silenciar - o primeiro que antecede o direito a matar - e para que sofrer o corpo se o Haka ainda é possível?

Não temos mais o direito a berrar, mas é exatamente nessa situação, onde o direito se vai, que aquilo que era preciso vira necessário, temos o dever a derrubar, o dever de machucar, não pessoas, mas os palacetes cristalinos de belezuras unvéritas - quando não pútrefas e cadavéricas - e claro, me reservo o direito de arfar e debater em minha glossolália moderna, construindo verbetes dragonais.

e não?

domingo, 1 de abril de 2012

Mais de um Viés


E Se...

Esta ai uma palavrinha mágica no teatro, E SE... , nem sequer tenho coragem de coloca-la entre aspas, dada a potência de sua própria existência. Stanislavski* a berrava a todo momento, impondo a si mesmo mais de uma ação, mais força de criação, mais tangibilidade na imaginação, mais humanização, mais divina-ação.
E Já que o assunto é esse...

E Se...
Uma divisória na própria mente, no microcosmos, para que não existisse apenas a pálida persona vazia do egóico Eu, mas sim um maior impulso para algo. Para algo. Nada acima ou abaixo na reta Kantiana, só, algo.

E Se...
Uma potência para a inovação artística, o sorriso, a dor, a novidade criativa, o outro olhar, a movimentação, e então nem digo superação, mas alternativa de caminho para si mesmo.

E Se...?

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Imagem: A Viagem de Chihiro 
* Pai de um, ou, por enquanto O Método de teatro.

domingo, 25 de março de 2012

Tira o Véu meu!


Esse espaço não-material sempre esteve situado em um outro lugar, não o espaço-tempo da física, aquele que podemos (ou pensamos e nos enganamos muito bem) mensurar, mas sim o não-espaço da web mas ainda cravado profundamente no tempo, a barreira dimensional que não é simples de se quebrar - uma vez que se ela for mesmo a 4ª, não temos nada, cotidianamente utilizado, ou que possuímos uma real maestria na 5ª dimensão,  para a 4ª ser constantemente burlada - então tomo a liberdade de alterar a minha percepção e local de situar-me a mim mesmo.

Este espaço sempre esteve situado no passado, sempre foi escrito com conteúdos retrógrados a respeito de situações previamente pensadas, meu ego, o eu, é uma coisa como sempre de certa fragilidade, e como expor suas idéias em tempo real e sem um "véu" como os utilizados por potestades que estão sempre se impondo - pastores que usam o véu de Deus, cientistas que usam o véu da ciência, professores que usam o véu do saber, ou Zé's do dia-a-dia que usam o véu do achismo - é no mínimo dificultoso e de quebra você ainda corre o sério risco de não ser se quer ouvido, estou nesse momento constituindo um véu para mim, um véu brilhante como o de uma noiva, mas denso como o de uma viúva, o que é uma alusão ótima, pois com um pouquinho de esforço posso cruzar essa imagem da noiva-viúva com a imagem de atração-repulsão de algo em nossa vida, ou a versão investida de maior significado, Amor-Morte, Eros-Thanatos. O véu que me permito utilizar é o véu da Fenomenologia do tempo presente.

Vou ali descobrir meu noesis e minha noema.
Ja já, mais maluquices por aqui.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

 A Dúvida


Imagine por um momento, uma situação de dúvida tão impar, tão difícil, que a simples noção de oque é certo ou errado para se fazer, confunde-se com o desejo e a esperança quanto aos dias futuros....
É nessa situação que o seguinte diálogo se passa.

"[...]
Será mais nobre sofrer na alma Pedradas e flechadas do destino feroz Ou pegar em armas contra o mar de angústias – E combatendo-o, dar-lhe fim?

Morrer; dormir;
Só isso.

E com o sono – dizem – extinguir Dores do coração e as mil mazelas naturais A que a carne é sujeita; eis uma consumação Ardentemente desejável. Morrer – dormir – Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo!

Os sonhos que hão de vir no sono da morte Quando tivermos escapado ao tumulto vital Nos obrigam a hesitar: e é essa reflexão Que dá à desventura uma vida tão longa. Pois quem suportaria o açoite e os insultos do mundo, A afronta do opressor, o desdém do orgulhoso, As pontadas do amor humilhado, as delongas da lei, A prepotência do mando, e o achincalhe Que o mérito paciente recebe dos inúteis,
Podendo, ele próprio, encontrar seu repouso Com um simples punhal? Quem aguentaria os fardos,
Gemendo e suando numa vida servil, Senão, porque o terror de alguma coisa após a morte –

[Morte..]
O país não descoberto, de cujos confins Jamais voltou nenhum viajante – nos confunde a vontade, Nos faz preferir e suportar os males que já temos, A fugirmos pra outros que desconhecemos?

[...]

Assim nos faz covardes a consciência, E o natural fulgor da decisão Sucumbe à débil luz da reflexão;
E assim projetos de vigor e urgência Em vista disto seus cursos desviam [...]
E perdem o nome de ação [...]

Solilóquio de Hamlet, Ato III cena 1
Shakespeare

Como humano, existe uma oportunidade rara de sentir por sí mesmo a intensidade de certos momentos, momentos que revelam verdades profundas e naturezas belíssimas em sua plenitude, as vezes de dor, as vezes de amor, com sorte ambas. Sentir esse texto foi um dos momentos mais especiais para mim.