Cuidado... depois não fale que eu não avisei.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

 Tornar-se o que se é




As vezes gostaria de ter respostas para coisas que parecem bem simples, mas a coisa não é bem assim.
- Marcos Dee, reclamando 

Ainda na faculdade, tive uma ótima professora, que ficou famosa entre nosso grupo pelas suas provas cujas questões enganadoras não tomavam muitas linhas - o que de primeira muitos nos alegrava, afinal parecia simples responder - porém, a resposta era de uma abrangência de conceitos e posicionamento absurdas.

Exemplo: 
Defina e conceitue a proposta marxianista de compreensão do processo do trabalho e sua aplicação social.
Parece simples? pois essa resposta deve tomar, para ser satisfatória, pelo menos uma folha frente e verso digitada. E provavelmente não conseguiria exprimir completamente. 

Ou ainda para ser mais complexo: 
Qual o significado do espírito para Hegel?

Porém os tempos de Faculdade de História se foram, mas ficam as idéias, as memórias e o perigo. 

Assim, um cara com uma boa dose de sábio e uma ainda melhor de louco chamado Nietzsche, levantou uma coisa que parece simples, uma pergunta, e uma proposta: 

Tornar-se o que se é.


Isso esta entre as coisas mais complicadas, desenvolver uma personalidade é difícil, ter valores é difícil ser você é difícil! Mas, mais uma vez é melhor que eu guarde minhas teorias e devaneios para dar voz a alguém que merece bem mais do que eu falar a esse respeito, enquanto aguardo minha chance de faze-lo um dia. 

Com a palavra Robert Anton Wilson (alguém sobre o qual um post futuro existirá!). 

"Vivemos em um mundo onde uma multiplicidade de forças muito poderosas têm trabalhado sobre nós. Do nascimento, passando pela escola até o trabalho, tentam suprimir nossa individualidade, nossa criatividade e, acima de tudo, nossa curiosidade – em suma, destruir tudo que nos encoraja a pensar por nós mesmos.
Nossos pais queriam que nós agíssemos como as outras crianças da vizinhança; eles enfaticamente não queriam um menino ou uma menina que parecessem “estranhos” ou “diferentes” ou (que deus nos ajude) “condenavelmente espertos demais.”
Então entramos na escola, um destino pior que a morte e o inferno combinados. Ao aterrissarmos em uma escola pública ou uma escola religiosa paga, aprendemos duas lições básicas: 1) Existe uma resposta correta para qualquer questão; e 2) A educação consiste em memorizar essa única resposta correta e regurgitá-la nas “provas”.
As mesmas táticas continuam pelo ensino médio e, salvo em algumas ciências, até a universidade.
Através desta “educação” encontramos a nós mesmos bombardeados pela religião organizada. A maioria das religiões, no ocidente, também nos ensina a “única resposta correta”, a qual devemos aceitar com uma fé cega; pior ainda, tentam nos aterrorizar com ameaças de sermos assados após a morte, tostando e fervendo no inferno se alguma vez ousarmos pensar por nós mesmos, de fato.
Depois de 18 a 30+ anos de tudo isso, entramos no mercado de trabalho, e aprendemos a nos tornar, ou a tentar nos tornar, quase surdos, mudos e cegos. Devemos sempre dizer aos nossos “superiores” o que eles querem ouvir, o que veste seus preconceitos e/ou seus desejos fantasiosos. Se notarmos aquilo que eles não queriam saber sobre, aprendemos a manter nossas bocas fechadas. Se não-
“Mais uma palavra, Bumstead, e você está despedido!”
Como o meu Mahatma guru J.R. “Bob” Dobbs diz, “Você sabe o quanto um cara da média é mudo? Bem, matematicamente, por definição, metade deles são ainda mais mudos que isso.”
“Bob” pode ter confundido ‘da média’ com ‘mediano’, mas de certa forma ele acertou na mosca. Metade das pessoas que você conhece parece, de fato mais inexpressiva que uma caixa de pedras; mas elas não começaram assim. Pais, senhores, escolas, igrejas, anunciantes e empregos as transformaram nisso. Cada bebê ao nascer tem um incansável temperamento curioso e experimental. Leva o primeiro terço de nossas vidas para destruir essa curiosidade e experimentalismo; e na maioria dos casos, nos tornamos uma parte plácida de um rebanho dócil.
Este rebanho humano começou com gênios em potencial, antes que a conspiração tácita da conformidade social enferrujasse seus cérebros. Todos eles podem se redimir dessa liberdade perdida, se trabalharem duro pra isso.
Eu trabalhei por isso por 50 ou mais anos até agora, e ainda acho partes de mim agindo como um robô ou um zumbi em ocasiões. Aprendender a “Tornar-se O Que Se É” (como na frase de Nietzsche ) leva o tempo de uma vida,  mas ainda parece ser o melhor jogo da cidade."
Também estou tentando, e quem dera ter saido da primeira fase desse jogo. 
Mas e ai, 
Come to play?

:]

Um comentário:

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