Eu tenho um problema sério. Eu amo flertar com a madrugada.
Acho ela apaixonante e vibrante, é uma jovem quente e interessante, que me convida pra longas conversas sobre tudo, sobre o mundo.
É uma mãe gentil, que me acaricia enquanto me embala em seu ritmo lento como um blues, doce como o extinto samba paulista e o faz me convidando as terras eternas e etéreas do sono.
É uma senhora simpática, que espanta a apatia das eras com um humor solidário, que insiste que cada manhã seja mais bela que anterior e que cada dia tenha sempre mais valor, e o faz com a sabedoria de quem vive a mais tempo do que existe.
A madrugada é um período vivo onde o sangue pulsa não com vigor, mas contínuo e ininterrupto, onde a mente trabalha não a pico, mas funcional, objetiva e serena, subjetiva e terna, onde o mundo próximo, sempre conturbado e confuso se encontra silencioso, repousando em um respeito manhoso, e assim se torna passível de ser contemplado, devidamente contemplado. Essa é a madrugada, com suas histórias fartas, sobre amor e sexo, sobre heroísmo e decadência, sobre violência e dor.
Ela é irritadiça e mutável, é fria e arrogante é eternamente bela e insinuante.
Há, eu amo a madrugada...
"é um mundo estranho" já dizia Warren Ellis.
E concordo que é melhor deixa-lo assim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça um cara feliz, diga o que achou, seja lá o que for...