Cuidado... depois não fale que eu não avisei.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

 linda madrugada linda

Eu tenho um problema sério. Eu amo flertar com a madrugada.

Acho ela apaixonante e vibrante, é uma jovem quente e interessante, que me convida pra longas conversas sobre tudo, sobre o mundo.
É uma mãe gentil, que me acaricia enquanto me embala em seu ritmo lento como um blues, doce como o extinto samba paulista e o faz me convidando as terras eternas e etéreas do sono.
É uma senhora simpática, que espanta a apatia das eras com um humor solidário, que insiste que cada manhã seja mais bela que anterior e que cada dia tenha sempre mais valor, e o faz com a sabedoria de quem vive a mais tempo do que existe.

A madrugada é um período vivo onde o sangue pulsa não com vigor, mas contínuo e ininterrupto, onde a mente trabalha não a pico, mas funcional, objetiva e serena, subjetiva e terna, onde o mundo próximo, sempre conturbado e confuso se encontra silencioso, repousando em um respeito manhoso, e assim se torna passível de ser contemplado, devidamente contemplado. Essa é a madrugada, com suas histórias fartas, sobre amor e sexo, sobre heroísmo e decadência, sobre violência e dor.

Ela é irritadiça e mutável, é fria e arrogante é eternamente bela e insinuante.
Há, eu amo a madrugada...

"é um mundo estranho" já dizia Warren Ellis.

E concordo que é melhor deixa-lo assim.


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