"eu acho... que prefiro me lembrar de uma vida desperdiçada com coisas frágeis a uma vida gasta evitando a dívida moral"
É com essa frase que Neil Gaiman começa a introdução do seu livro de contos "Coisas Frágeis". São contos densos, fantasiosos e não infantis. Reli ele nessa madrugada e agora penso o quanto errado eu estava em empresta-lo pra uma jovem amiga, ainda bem que ela não o leu inteiro, se não me engano foi o pai dela que a impediu de ler, deve ter alegado que sou "subversivo" e "contra os bons costumes" ou algo assim.
Relendo "Coisas Frágeis", me senti incomodado com alguns dos contos, com quase todos devo dizer, e acho que isso é o que o torna tão bom. O conto "O Problema de Susan" é extremamente incomodo em um aspecto moral, principalmente se você teve contato com as obras "Crônicas de Nárnia" de C. S. Lewis. Gaiman a relembra e entoa a sua presença, a invertendo de uma maneira extremamente inusitada, pra dizer o mínimo. E sinceramente por ser um conto incomodo, é tão magnífico e belo.
Eu fico pensando o que é a "dívida moral", que a frase se refere. Não acredito que seja uma dívida com a sociedade ou com alguém específico. A narrativa dos contos são muito pessoal pra ser assim.
Talvez seja uma divida moral consigo mesmo, talvez a frase seja mais um aviso, um aviso para não se preocupar em estar satisfeito individualmente com suas ações, e esquecer das "coisas frágeis" que nos rodeiam.
E o que são as "coisas frágeis" que estão na frase de abertura e compõe o título do livro?
Pessoas são frágeis, corações são frágeis, relações são frágeis, tantas coisas são frágeis, e a maioria delas, são as que mais valem a pena na vida.
Como escritor e pessoa, tenho muito ainda pela frente, um caminho tão longo quanto o tanto que conseguir caminhar.
E acho que sou mesmo "subversivo" e "contra os bons costumes".
E também "acho que prefiro me lembrar de uma vida desperdiçada com coisas frágeis".
Será que da pra entender?
ResponderExcluiro.o