Primeiro: Alan Moore é um escritor fantástico.
"ao invés de passar por uma crise da meia idade, resolvi surpreender meus amigos e familia, me tornando um mago.
- Moore
Não se alcança a idade que tenho (que não é muita) sem conseguir algumas coisas, como: inimigos dedicados, amigos e aliados, mancadas, corações partidos, dívidas na casas bahia e principalmente, pessoas como referências.
Desde que se surge no mundo (ou até antes como algumas interpretações de C. G. Jung) nós somos influenciados pelo meio em que se vive, as vezes de forma não objetiva e as vezes escolhemos ser influênciados, aqui entra as referências, as pessoas que você admira, e que de alguma forma a figura dela influência a sua vida, seja positivamente ou negativamente (coisa que só você pode definir - e olha lá - pois é extremamente relativo, como tudo é).
Alan Moore é para mim, uma personalidade/personagem referência, esse post vai se parecer muito mais com o ponto de vista de uma criança entusiasmada do que com a posição critico-caótica de um professor+ilustrador+historiador+estudioso-das-religiões+semiótica+semântica+com-especialização-em-filosofia+artes-cênicas-e-plásticas).
E vamos lá.
A primeira obra do Moore que coloquei as mãos foi Miracleman ainda em cruzeiros obtido de maneira ilícita de sebos em minha cidade natal, li, li e reli. E não entendi nada.
Me apaixonei.
Não era um gibi, não tinha nada de bat-aspirina ou coelho azul, nada de mulheres semi-nuas ou falas repetitivas era diferente e complicado, era mais que um gibi. Uma coisa mais alta, mais profunda.
Era arte.
O barbudo que decidiu ser um ermitão em sua cidade natal Northampton na Inglaterra, não é muito conhecido pelo público em geral, apesar de suas obras transformadas em filme serem bem difundidas, não é conhecido principalmente porque implorou para ter seu nome retirado dos créditos, assim muitos não sabem que ele é autor de V de Vingança, Do Inferno, A Liga Extraordinária e Watchmen. Para uma viagem legal na vida do cara, aconselho ler esse artigo do Mundo HQ.
Voltando as obras...
De tão complexa, entender 100% o conteúdo de uma obra do mestre Moore é um sacrifício e uma benção, já à alguns bons anos, além das influências literárias de Thomas Pynchon no clima (Watchmen) e de referências a diversos momentos da história humana, Moore ainda se esforça para "espremer" a linguagem, tornando as palavras e suas representações um novo ser.
E como se não bastasse, ainda preenche linhas e linhas, páginas e páginas de conceitos pertencentes ao complexo mundo do misticismo hebraico, a Cabala, transformando suas obra em um catalisador de percepções, ou nas linguagens do caos (não matemático), um atrator estranho para que haja mudanças significativas nos leitores, para criar uma quebra na linguagem consensual ou na programação padrão.
Agora isso é ou não é Magia?
Não só, é também arte.
Moore não identifica diferença entre Arte e Magia, segundo o próprio "Toda a arte e impulso criativo humano devem ter dado seus primeiros passos dentro da esfera imaterial da magia, sendo percebidos, em primeiro lugar, como tal." Segundo a cabala, ambos os atos, mágicos e artísticos antes de se manifestar no mundo físico (malkut) se estruturam no mundo das idéias (yesod) o fundamento. E vale lembrar que muitas vezes a magia já foi chamada de A Arte.
Assim,
O artista é artífíce (o que manipula a arte, o artesão).
A linguagem (dança, teatro, escrita, imagem, ou seja qual for) o meio.
O resultado é magia.
Somos magos.
Para quem gosta do barbudão fica um presente aqui um papercraft do mago.
E aqui links para as principais obras:
V de Vingança (e-books grátis)
Watchmen (e-books grátis)
Promethea (Actions e Comics)
A Liga Extraordinária (the Centurions)
Do Inferno (e-books grátis)
Aguardem posts futuros, há muito sobre as obras do Moore para se falar!
abraços.
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